segunda-feira, 1 de outubro de 2012

SEGUNDO CAPÍTULO

Olá Kbronscos e Kbronscas!!!!

O segundo capítulo do livro espero que gostem.

Bjusss, Bjokssss, Bjõesss



CAPITULO II


          Um carro preto estaciona em frente à casa de Maria Cecília, um homem alto e forte desce do lado do motorista, aparenta ter uns quarenta anos, seus cabelos grisalhos são curtos e fazem um belo contraste com sua pele negra, um cavanhaque emoldura seus lábios carnudos.  Coloca a arma na cintura enquanto espera a mulher que descia do outro lado.
          Seus cabelos vermelhos estão presos em um rabo de cavalo, as sardas pintavam seu rosto e desciam pelo pescoço, chegando ao colo onde se espalhavam de forma desorganizada. Não tinha mais que um metro e sessenta de altura, e era mais nova que o homem. Ela para ao lado dele de forma desconfortável, talvez fosse pelos trinta centímetros a mais que ele tinha seu rosto não transparecia a confiança e segurança que estavam cravadas no dele, era como se fizessem parte daquele rosto como boca, nariz e olhos.
          -Vamos – a voz dele é rouca, seus olhos negros encontram os dela- Preparada? – ela força um meio sorriso, e afirma positivamente – Ótimo.
          Os passos dele são largos e ela tem que praticamente correr pra acompanhá-lo.
          Aquela com toda certeza não era uma casa que ela estivesse acostumada a entrar, os móveis eram delicados, mas de uma elegância visível, um piano de calda estava estrategicamente posicionado em frente a uma porta de vidro, quem estive sentado ao piano teria uma vista privilegiada do belo jardim lá fora. Algumas fotos de um casal em diferentes situações estavam sobre o piano, mas em todas podia se ver um sorriso e um olhar apaixonado.
          No hall de entrada e na sala de estar podia se ver belos quadros, que completavam a decoração – Será quem tem algum de um pintor famoso? – Pensou a mulher.
          As escadas que davam acesso a parte superior da casa era de mármore negro, e tinha um brilho frio, ela estava encantada com tudo aquilo, pensa em seu pequeno apartamento no centro da cidade, e sorri com a comparação que acaba de fazer.
          Os dois sobem as escadas e se deparam com alguns policiais no quarto do casal, os peritos estão trabalhando em todo o quarto procurando por uma pista. A primeira coisa que vem ao olhar para o banheiro é o corpo de uma mulher, todo ele tinha um tom roxo, uma pequena poça de sangue já coagulava ao seu lado, mas foi a posição do corpo que chamou a atenção do detetive, seus braços estavam envolvendo suas pernas em um terno abraço. –Porque a colocariam em posição fetal? – Algumas velas faziam um círculo em volta do corpo. Seus olhos abertos sem brilho, ainda transmitiam o último sentimento que tivera o pânico.
          -Olá detetive Marques – o perito que estava ao lado do corpo se levanta – Detetive ... – seus olhos brilham quando encontram com os da mulher.
          -Oi Charles, essa é minha nova parceira a detetive...
          -Eu sei quem ela é – interrompe com um sorriso simpático –Tudo bem detetive Rezende? – ela apenas acena positivamente – foi transferida da narcótico não é?
          -Sim. – sua voz parecia presa, nervosa.
          -Primeiro caso?
          -Sim.
          -Não se preocupe o primeiro dia é sempre mais difícil, depois...
          - O que temos aqui? – Marques interrompe impaciente.
          Charles olha pra Rezende e dá uma rápida piscadela – Bem... Aparentemente não muito, encontramos algumas digitais e fios de cabelo, mas precisamos descartar as pessoas da casa antes de definirmos algo.
          -E o corpo?
          -Não tem muita coisa que possa ajudar, ela teve o pescoço quebrado, e uma mecha de seu cabelo foi cortada – ergue o cabelo e mostra um corte irregular na base da nuca – o corpo também esta com um cheiro forte acho que é cloro, mas ainda não tenho certeza... Vou mover o corpo, pode me ajudar?
          Marques afirma positivamente.
          Um plástico preto é colocado ao lado do corpo, Marques e Charles erguem a mulher e a coloca em cima do mar negro, os olhos de Marques se arregalam ao ver de onde vinha o sangue que formou aquela poça.
          -Mas o que é isso?
          Charles se agacha ao lado do corpo – Parece uma... – ele pega um pedaço de gaze e molha em um líquido, em seguida começa a limpar o sangue do peito dela, os cortes são profundos, dois pedaços de pele haviam sido tirados, uma na vertical e outro na horizontal, formando uma cruz – isso foi feito com um bisturi – ele passa os dedos nos cortes – e por alguém que sabia o que estava fazendo.
          -Era só o que faltava. – resmunga Marques.
          -Mais por que alguém faria uma coisa dessas a ela – era a primeira vez que Rezende formava uma frase.
          -Não sei, mas nosso trabalho é descobrir.
          -Encontramos essas fotos ao lado do corpo. – ele entrega um envelope amarelo a Marques.
          Marques coloca as luvas antes de abrir o envelope e tirar as fotos de dentro, assim que vê a primeira foto uma ruga se crava no meio de sua testa, olha da foto direto pra Charles e para o corpo de Maria Cecília, antes de continuar a examinar as outras fotos.
          -Mas ela era casada, não era?
          -Sim, era.
          -Mas esse não é o marido dela.
          -Você acha que essas fotos têm alguma coisa a ver com o assassinato dela?
          -Sinceramente, acho que tem tudo a ver com o que aconteceu aqui, temos a ponta da linha, só precisamos puxar o novelo agora. - seus lábios se unem em um risco.
          No subúrbio norte de São Paulo, em uma rua sem asfalto e com o esgoto correndo a céu aberto, um casebre se ergue igual a tantos outros por ali. É um único quadrado não muito grande, suas paredes estão pichadas com palavras incompreensíveis em diversas cores, a única janela esta lacrada com grossos pedaços de madeira. Lá dentro a iluminação e quase nula o que deixa o ambiente frio e sombrio, uma enorme cruz vai do teto ao chão na parede que fica de frente a porta, em sua base algumas velas queimam lentamente, suas chamas dançam ao ditar do vento, a parafina aquecida se une brandamente a crosta grossa que existia no chão.
          O silêncio é macabro, e só era quebrado pelos sussurros de um homem ajoelhado em frente à cruz. De repente a porta se abre com um grande chiado de reprovação, a luz do sol desenha no chão as curvas do homem parado a porta.
          O que estava ajoelhado pisca algumas vezes rapidamente, ajustando a visão a nova claridade, assim que reconhece seu visitante corre para um dos poucos móveis ali dentro, uma mesa com diversas cruzes pintada sobre ela, senta-se de forma nervosa e pouco a vontade em um banco deixando a única cadeira para o visitante, que continuava parado na porta sem dizer uma palavra, após alguns segundos ele caminha em direção a mesa, fechando a porta atrás de si com um baque alto, o som faz com que o outro homem trema – Será que fiz alguma coisa errada? Não. Saiu tudo como o planejado. - ele aperta as mãos fazendo com que os  nós dos dedos ficam brancos.
          -Aristam, meu irmão. – sua voz é calma- fique tranqüilo – puxa a cadeira e sentasse- eu vim parabenizá-lo pelo belíssimo renascimento que fez ontem à noite.
          -Você gostou? - seus olhos ardem de dúvida-  você viu?
          -Lógico que vi está em todos os lugares TV, rádio, jornais – ele sorri para seu anfitrião – você realmente fez um ótimo trabalho.
          Os ombros do homem relaxam e ele começa a se sentir um pouco mais a vontade com aquela presença – Acha que foi realmente a coisa certa a ser feita? – sua expressão é a de uma criança que foi pega fazendo travessura.
          -Claro que foi a coisa certa, o que você fez por ela ontem não tem preço – olha fundo nos olhos verde oliva do outro, procurando a dimensão daquela dúvida. Demorará tanto a encontrar alguém que realmente tivesse o dom, que por um minuto ficou com medo de que ele não suportasse a responsabilidade de sua missão- você tem alguma dúvida sobre isso?
          -Não nenhuma.
          O visitante continua escaneando o outro, mas percebe que aquela dúvida era apenas reflexo do primeiro renascimento, tinha certeza de que ele havia nascido pra fazer isso, e o Sábio também tinha essa certeza.
          -Nós salvamos a alma daquela perdida, ela profanava seu lar, sua família. Traia o marido, não somente ele, mas principalmente os votos que fez em seu casamento. - sua voz era carregada de nojo.
          -E você tem razão... Ela esta bem melhor agora. - embora seu sorriso seja apenas um esboço, o outro percebe que a dúvida se fora.
          -Fomos chamados para salvar almas irmão, é a única maneira de libertar a alma pura, imaculada de um corpo imundo que deixou de servir a seu propósito.
          -É um trabalho divino, e vamos conseguir fazê-lo. E quando iremos salvar ele?
          O visitante se levanta e caminha até a cruz, onde a observa com admiração.
          -Infelizmente ele... fugiu.
          -Como assim fugiu?- não acredita no que acaba de escutar, sem percebe sua voz sou alterada.
          -Calma irmão – o olhar que lança por sobre o ombro, faz com que o outro se encolha instintivamente – deve ter ficado com medo depois que a imprensa divulgou sobre as fotos – volta seu olhar para a cruz- eu irei encontrá-lo, não existe lugar nesse mundo onde ele possa se esconder, enquanto isso salvaremos outros.
          -E... Você já tem alguém?
          -Sim, o próximo renascimento será ainda essa semana.
          -Ótimo!- seus olhos faíscam.
          -Tenho que ir, esteja preparado eu irei lhe ligar.
          Um simples aceno e um sorriso são sua resposta.
          O homem sai deixando aquele ambiente mais sombrio e pesado do que quando entrara ali. O dono dos olhos de oliva volta à cruz e ajoelha-se. Acende mais algumas velas na base da cruz, fica observando o cripitar das chamas, parecem braços dançando ao som de uma suave melodia. Fecha os olhos e começa uma nova prece, sua pálpebra se transforma em uma tela onde imagens da noite anterior são apresentadas em flashes, um leve sorriso surge quando lembra do momento em que viu naqueles olhos a vida indo embora, a alma finalmente se libertando de uma prisão injusta.
          -Ele gostou. - pensa ao se lembrar de seu visitante. Orgulho e satisfação ardem em seu peito, e fazia muito tempo desde a última fez que se sentira assim, não estava acostumado a sentir aquela felicidade, precisava saborear cada momento, cada segundo daquela mistura de sentimentos.

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